Cadeia Pública Feminina de Votorantim/SP
sexta-feira, 29 de junho de 2007
quinta-feira, 28 de junho de 2007
27/06/2007
dependência química
.........A entrevistada desta semana (27/06) no Programa Povo Marcado é a médica infectologista Vilma Carmona Gonçalves. Ela trabalha no Conjunto Hospitalar de Sorocaba e também é Coordenadora do Projeto de Redução de Danos para usuários de drogas injetáveis em Sorocaba. Atua na Associação Lua Nova, onde realiza diversas ações de saúde com dependentes químicos, mulheres, crianças e jovens que sofrem com algum tipo de problema relacionado a drogas, violência e outros males sociais.
Dra. Vilma Carmona Gonçalves (esquerda) é entrevista pela reeducanda Viviane (direita)
sexta-feira, 22 de junho de 2007
21/06/2007 - Jornal BOM DIA
Detentas da Cadeia Feminina de Votorantim
estréiam programa de rádio ‘Povo Marcado’,
veiculado em três cidades da região
Assis Cavalcante/Agência BOM DIA
As presas têm a oportunidade de fazer perguntas ao entrevistado, no caso, Dom Eduardo Benes de Salles Oliveira De dentro da Cadeia Femina de Votorantim, a detenta Viviane Fernandes se transforma em apresentadora – com direito a sombra nos olhos e sapato alto –para conduzir um programa de rádio. Do outro lado das grades, outras “companheiras de sofrimento” assistem atentamente ao programa e são convidadas a fazer perguntas ao entrevistado.
Essa é a dinâmica do programa “Povo Marcado”, produzido pelas detentas da Cadeia de Votorantim, e que será veiculado na Rádio Nova Tropical FM da cidade, e também em rádio de Iperó e Araçariguama.
Coordenado pela Secretaria de Cultura de Votorantim, o programa tem como proposta principal mostrar um pouco da vida dessas mulheres por elas mesmas.
A idéia inicial é trazer entrevistados do meio judicial e político para debater a situação carcerária. Nesse ponto, a Cadeia de Votorantim se mostra um local propício, já que o espaço tem capacidade para abrigar 48 pessoas e está com 190.
A doutora em Comunicação Míriam Cris Carlos é a orientadora do projeto. “A idéia é que toda a pauta do programa surja das próprias reeducandas. Elas deverão definir os entrevistados e também as perguntas”.
“É a oportunidade da gente mostrar que não somos o que muitos pensam. Cometemos erros, mas não deixamos de ser seres humanos”, enfatiza a detenta Valdirene de Fátima Borges Gomes, responsável pela trilha sonora do programa.
Para a diretora da cadeia, Sueli Morales da Silva, o programa representa mais uma oportunidade de reintegrar as presas à sociedade. “É uma forma para que elas possam quebrar um preconceito social. Elas vão poder mostrar um outro lado, muitas vezes desconhecido da sociedade”.
Segundo o secretário de Cultura, Werinton Kermes, para participar do programa já foram convidados promotores, deputados e juízes. “Acho interessante. Porque essas pessoas sairão de seus escritórios e gabinetes para conhecer os anseios e problemas dessas mulheres”.
Segundo Kermes, a idéia agora é de conseguir outras rádios que tenham interesse em transmitir o programa. “Para dar mais voz a essas pessoas”, completa.
Liberdade para os talentos
Raquel Aparecida S. da Costa, Valdirene de Fátima B. Gomes e Viviane Fernandes estão na produção de “Povo Marcado”
Presa por tráfico de entorpecentes, assim como 85% das detentas da Cadeia de Votorantim, Raquel Aparecida Santos da Costa, que já foi locutora de rádio no Paraná, não disfarçava a ansiedade pela estréia do programa, que teve como primeiro entrevistado Dom Eduardo Benes de Salles Oliveira.
“Quando eu era locutora no Paraná era mais fácil. Agora é diferente. Temos que transmitir uma realidade totalmente diferente dos nossos ouvintes. Mostrar que aqui não é um depósito de gente e que a gente tem sim sentimento”.
E é esse lado humano e poético das detentas que Raquel deve colocar no programa. “Sou a caça talentos do projeto. Tem muita gente que escreve coisas lindas por aqui. Eu mesma adoro escrever. As pessoas não tem idéia do que é ver o céu, tão grande, apenas por um pequeno quadrado”, enfatiza.
Para ela, o programa representar mais uma esperança para as presas. “A gente sente resistência de algumas companheiras, pensam que o programa será apenas mais uma ilusão. A gente tem que batalhar para que não seja ilusão, mas oportunidade”.
terça-feira, 19 de junho de 2007
19/06/2007
produzem programa de rádio
Nesta terça-feira (19/06), foi gravado o primeiro programa de rádio realizado pelas detentas da Cadeia Pública Feminina de Votorantim. O projeto é uma parceria da Prefeitura Municipal de Votorantim, por meio da Secretaria de Cultura, com a Delegacia Central da mesma cidade e que conta com o apoio de voluntários.
Produzido e apresentado pelas próprias detentas, o programa “Povo Marcado” vai ao ar pela Rádio Nova Tropical FM de Votorantim todas as quartas-feiras ao meio-dia, com reprise aos sábados, no mesmo horário, e é gravado às terças-feiras no “estúdio-cela”, um local improvisado ao lado do pátio interno.
O programa é composto por programação musical e entrevistas jornalísticas com autoridades. Nesta primeira edição, o entrevistado foi o Arcebispo Metropolitano de Sorocaba, Dom Eduardo Benes de Sales Rodrigues, que respondeu às perguntas das detentas (também chamadas de reeducandas). Ao fim da entrevista, ele aproveitou para abençoar e fazer uma oração. “Considero essa idéia ótima e acho que deveriam ter mais ações como esta”, diz.
Outros programas serão gravados com deputados, promotores, juizes, médicos e outras pessoas que serão entrevistadas pela detenta Viviane Fernandes, de 32 anos, atual apresentadora do programa. Os temas são variados, mas sempre com a intenção de levar para o ouvinte a real situação do sistema carcerário.
Segundo a diretora da cadeia, Sueli Morales da Silva, o Programa “Povo Marcado” traz mais perspectivas e motivação às presas, pois é uma forma lícita de comunicação com o mundo externo, além de acrescentar informações úteis aos ouvintes. “A melhoria na auto-estima delas é o fator mais importante. O ´Povo Marcado´ é uma daquelas idéias que deveria ter acontecido há muito tempo, já que é uma ótima forma de desmistificar a idéia de que toda pessoa presa é incapaz ou irrecuperável. Na verdade, o que percebemos, é que 80% das detentas só necessitam de uma chance, uma oportunidade”, explica a diretora.
O secretário de Cultura de Votorantim, Werinton Kermes, diz que esse projeto é apenas um de vários que acontecem. “Acreditamos que é difícil a reabilitação de presos com o atual modelo carcerário, mas não é impossível e é uma responsabilidade de todos, tanto do cidadão, como do Poder Público, em todas as esferas. A grande maioria das presas da cadeia de Votorantim é vítima de um sistema social injusto, e como se não bastasse, vítima de um sistema judiciário elitizado. Fazemos apenas uma ´ponte´ entre elas e a sociedade. Com isto, conseguimos provar que é possível reintegrá-las. Cada uma das 186 detentas (a capacidade da cadeia é de 48 vagas) está aqui por crimes que cometeu, por não se enquadrar nas normas sociais mas, se a pena for cumprida de forma desumana, vão sair piores do que entraram. Se foi presa por roubar um shampoo no supermercado, por exemplo, quando sair poderá cometer crimes mais graves, acredito. Não estamos fazendo um discurso como se compensasse cometer um crime. Só queremos uma cadeia mais humana”, finaliza Kermes.
Para o delegado titular da Delegacia de Votorantim Hamilton Antonio Gianfratti, hoje foi um dia muito especial para todas elas, em especial para a Viviane. “Acredito que foi um dos dias mais importantes da vida dela”, revela.
Além de Viviane, outras detentas participam do projeto. Elas organizam todo o material que vai ser inserido nos quadros do programa (momento da poesia, momento de reflexão, voz da mulher, etc.). Para elas, essa é uma grande oportunidade de mostrar à sociedade a realidade da cadeia. “Ao mesmo tempo é uma forma de reintegração social, pois, ampliaremos o nosso contato com o mundo exterior trazendo esses entrevistados até aqui e sanando as nossas dúvidas”, comentou Viviane.
As presas que integram o projeto do programa radiofônico “Povo Marcado” têm a orientação voluntária da doutora em Comunicação, Míriam Cris Carlos, da jornalista e radialista Luciana Lopez com auxílio técnico de Davi Alamino e José Carlos Balotim. Além da emissora de rádio comunitária de Votorantim, o Programa será exibido nas rádios comunitárias de outras duas cidades da região de Sorocaba: Iperó e Boituva. A Secretaria de Cultura de Votorantim também negocia com a TV a cabo local a possibilidade de criar a versão televisiva do Programa “Povo Marcado”.
As Rádios que queiram veicular o Programa podem entrar em contato com a Secretaria de Cultura de Votorantim pelo telefone (15) 3353-8669.
Os ouvintes poderão sugerir temas através do blog povomarcado.blogspot.com
Cobertura da imprensa na gravação do primeiro programa
Reeducanda Viviane entrevista o
Arcebispo Metropolitano de Sorocaba Dom Eduardo Benes
Gravação do programa piloto em 18/06/07 -contou com a colaboração de voluntários que se prontificaram a instalar e testar o som e orientar as mulheres
Voluntários auxiliam no programa piloto
Reeducanda Vivivane (com o microfone) recebe
orientações dos jornalistas Werinton Kermes (sentado) e
Luciana Lopez (em pé) durante a gravação do programa piloto
Reeducanda Viviane
Reeducanda Valdirene e o jornalista Werinton
(Nogueira em pé e José Carlos sentado)
sábado, 16 de junho de 2007
15/06/2007 - Jornal Cruzeiro do Sul
Maíra Fernandes
A cadeia feminina de Votorantim será a única, dentro do sistema carcerário nacional, a ter programa semanal de rádio. A iniciativa inédita é uma parceria da instituição com a Prefeitura de Votorantim, por meio da Secretária de Cultura, e foi anunciada ontem pelo secretário Werinton Kermes. O primeiro piloto do programa radiofônico, com uma hora de duração, será gravado na próxima semana. Além do programa, as detentas também terão à disposição uma biblioteca e poderão participar de cursos de fotografia e culinária.
Quanto ao programa de rádio, a intenção é que as matérias sejam produzidas pelas próprias detentas, para que possam mostrar, semanalmente, a realidade do dia-a-dia dela, num bate papo com convidados. O primeiro será o arcebispo de Sorocaba dom Eduardo Benes de Salles. Segundo Kermes, o programa será gravado dentro da cadeia e veiculado nas rádios comunitárias de Votorantim, Araçariguama e Iperó, podendo ser ouvido por aproximadamente 100 mil pessoas.
Nos próximos três meses, a locutora do programa será a detenta Viviane Fernandes. A idéia é que a cada trimestre uma delas assuma os microfones. Todas participarão de um laboratório com a apresentadora do programa Provocare FM, da rádio Cruzeiro do Sul, Míriam Cris Carlos. Kermes acredita que a iniciativa vai colaborar na inclusão social das presas. “Precisa ser mais do que discurso. A prática pode ser simples e dar certo”, analisou.
Mais ações
A partir da próxima semana, a biblioteca começa a ser instalada cadeia. Depois de pronta, ela terá cerca de 3 mil títulos. Quanto à fotografia, inicialmente três detentas farão um curso e depois poderão registrar a rotina delas. As imagens farão parte de uma exposição. “Precisamos encarar a cadeia como um local de melhora e oportunidade; não como de castigo apenas”, salientou a delegada da cadeia, Sueli Morales da Silva, que assumiu o cargo há um mês e implantou um curso de gastronomia na unidade. Para ela, com essas ações a intenção é que as detentas aprendam uma profissão, sintam-se úteis e capazes, e melhorem a auto-estima.
Também ontem, as detentas receberam 200 cobertores doados pelo Esplanada Shopping. Outros 1,5 mil foram divididos entre entidades de Sorocaba e Votorantim. A delegada Sueli admitiu que, nos períodos de frio, o número de cobertores não era suficiente para atender todas as presas da unidade, que está superlotada. Onde deveria haver no máximo 48 mulheres, há mais de 180. Para o delegado titular de Votorantim, Hamilton Antônio Gianfratti, tais ações são importantes. “O Estado é impotente para atender todas as necessidades”, apontou, ao definir que iniciativas do tipo demonstram que a comunidade está atenta à situação da cadeia.
[ Redação Cruzeiro do Sul ] - http://www.cruzeironet.com.br/run/21/263933.shl