Cadeia
Paulo Betti
É muito difícil a situação das presidiárias. É óbvio. Cadeia não é lugar agradável
Amigos, no sábado passado, exibimos o filme “Cafundó” em São Miguel Archanjo e o local estava lotado. O povo ficou para o debate e foi maravilhoso. A presença da Banda Número 5, do maestro Pereira foi empolgante. No domingo, pela manhã, participei do programa de rádio gravado na Cadeia Pública Feminina de Votorantim e foi uma experiência muito forte.
O nome do programa é Povo Marcado.
A entrevista acontece na frente de todas as presas, as perguntas são feitas por elas, a entrevistadora é uma delas.
É muito bom que exista um programa assim, transmitido para mais de mil(!) rádios em todo o Brasil.
Quem me convidou para participar foi o incansável Werinton Kermes, Secretário de Cultura de Votorantim.
É muito difícil a situação das presidiárias. É óbvio. Cadeia não é lugar agradável. Olhar todas aquelas mulheres presas, algumas muito jovens e bonitas, num domingo pela manhã, não é a coisa mais agradável que existe. Mas é uma realidade. Elas estão lá. Nesse momento em que escrevo e você lê, elas estão lá. Muitas estão lá há muito tempo e ainda vão ficar muito mais tempo ainda.
O que vai acontecer com elas quando saírem? Será que conseguirão emprego? Conseguirão refazer suas vidas?
Porque elas foram parar lá? Serão todas culpadas? Qual é a nossa culpa? Qual é a parte que nos cabe?
Porque tem tanta gente presa no Brasil?
Até quando vamos achar que dá pra ficarmos por trás de grades nós também, mas grades que nos protegem?Você, caro leitor, não tem a sensação que a coisa vai explodir uma hora?
Aliás, está explodindo a todo o momento. Todo mundo me pergunta se não tenho medo de morar no Rio, que a cidade é muito violenta, que ouviu falar, que viu na televisão.
Mas que lugar não é violento?
Sorocaba não é? É segura, é tranqüila?
Vamos continuar cuidando de nossa parte sem nenhuma preocupação com a distribuição de renda em nosso País?
Não consigo achar que tudo é questão de cadeia, de construir mais presídios, etc.
Sei que o ser humano é complicado, mas tenho uma certeza também.
Umas 80% daquelas moças não estariam ali se nosso País tivesse dado mais chances a elas.
Todos nós também somos um pouco criminosos. Ou nunca pensamos em matar alguém? Se tivéssemos uma arma naquele determinado momento de raiva não poderíamos ter atirado?
Não somos fruto de educação, carinho em casa, boa comida?
Fiquei pensando um monte de coisa enquanto falava no microfone do programa Povo Marcado.
Pensei se tinha algum sentido estar ali. Eu do lado de fora das grades e elas presas lá dentro. O que mudava aquela realidade minha presença ali?
Passei uma hora e meia naquele lugar.
Recebi uma carta linda que uma delas escreveu na hora, letra firme, bem escrita. “...Sou uma sonhadora privada de sua Liberdade. Tenho 20 anos. Estou aqui há 9 meses. Tenho um único objetivo: Lutar e Vencer. Não quero nada, apenas que guarde este pequeno bilhete como uma lembrança de uma sonhadora. Fica com Deus e obrigado pela atenção e presença! Fé em Deus que ele é justo!” assinado Kuka.
Saí com a convicção de que tem que ter programa de rádio na cadeia sim! E também muitas outras coisas: bibliotecas, programas de televisão, cuidados com a saúde, espaço, carinho e tudo o mais. Parabéns ao pessoal que está desenvolvendo esse projeto na cadeia de Votorantim.
No mínimo ajudamos as presas a passar um pouco o tempo naquele domingo de manhã.
Amigos, no sábado passado, exibimos o filme “Cafundó” em São Miguel Archanjo e o local estava lotado. O povo ficou para o debate e foi maravilhoso. A presença da Banda Número 5, do maestro Pereira foi empolgante. No domingo, pela manhã, participei do programa de rádio gravado na Cadeia Pública Feminina de Votorantim e foi uma experiência muito forte.
O nome do programa é Povo Marcado.
A entrevista acontece na frente de todas as presas, as perguntas são feitas por elas, a entrevistadora é uma delas.
É muito bom que exista um programa assim, transmitido para mais de mil(!) rádios em todo o Brasil.
Quem me convidou para participar foi o incansável Werinton Kermes, Secretário de Cultura de Votorantim.
É muito difícil a situação das presidiárias. É óbvio. Cadeia não é lugar agradável. Olhar todas aquelas mulheres presas, algumas muito jovens e bonitas, num domingo pela manhã, não é a coisa mais agradável que existe. Mas é uma realidade. Elas estão lá. Nesse momento em que escrevo e você lê, elas estão lá. Muitas estão lá há muito tempo e ainda vão ficar muito mais tempo ainda.
O que vai acontecer com elas quando saírem? Será que conseguirão emprego? Conseguirão refazer suas vidas?
Porque elas foram parar lá? Serão todas culpadas? Qual é a nossa culpa? Qual é a parte que nos cabe?
Porque tem tanta gente presa no Brasil?
Até quando vamos achar que dá pra ficarmos por trás de grades nós também, mas grades que nos protegem?Você, caro leitor, não tem a sensação que a coisa vai explodir uma hora?
Aliás, está explodindo a todo o momento. Todo mundo me pergunta se não tenho medo de morar no Rio, que a cidade é muito violenta, que ouviu falar, que viu na televisão.
Mas que lugar não é violento?
Sorocaba não é? É segura, é tranqüila?
Vamos continuar cuidando de nossa parte sem nenhuma preocupação com a distribuição de renda em nosso País?
Não consigo achar que tudo é questão de cadeia, de construir mais presídios, etc.
Sei que o ser humano é complicado, mas tenho uma certeza também.
Umas 80% daquelas moças não estariam ali se nosso País tivesse dado mais chances a elas.
Todos nós também somos um pouco criminosos. Ou nunca pensamos em matar alguém? Se tivéssemos uma arma naquele determinado momento de raiva não poderíamos ter atirado?
Não somos fruto de educação, carinho em casa, boa comida?
Fiquei pensando um monte de coisa enquanto falava no microfone do programa Povo Marcado.
Pensei se tinha algum sentido estar ali. Eu do lado de fora das grades e elas presas lá dentro. O que mudava aquela realidade minha presença ali?
Passei uma hora e meia naquele lugar.
Recebi uma carta linda que uma delas escreveu na hora, letra firme, bem escrita. “...Sou uma sonhadora privada de sua Liberdade. Tenho 20 anos. Estou aqui há 9 meses. Tenho um único objetivo: Lutar e Vencer. Não quero nada, apenas que guarde este pequeno bilhete como uma lembrança de uma sonhadora. Fica com Deus e obrigado pela atenção e presença! Fé em Deus que ele é justo!” assinado Kuka.
Saí com a convicção de que tem que ter programa de rádio na cadeia sim! E também muitas outras coisas: bibliotecas, programas de televisão, cuidados com a saúde, espaço, carinho e tudo o mais. Parabéns ao pessoal que está desenvolvendo esse projeto na cadeia de Votorantim.
No mínimo ajudamos as presas a passar um pouco o tempo naquele domingo de manhã.
30/8/2007