quarta-feira, 14 de outubro de 2009

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Crítico de cinema analisa
filme "Povo Marcado"
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O documentário "Povo Marcado" recebeu uma
análise do jornalista crítico de cinema e
editor da revista eletrônica Cinequanon,
Cid Nader, durante o
16º Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá.
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Abaixo segue o texto retirado do site: http://www.cinequanon.art.br/gramado_detalhe.php?id=523&id_festival=81
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Por Cid Nader

"...Abaixo, breves comentários dos filmes em competição exibidos.
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MCMM (Mostra Competitiva de Médias-metragens)
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Povo Marcado, de Werinton Kermes, Luciana Lopez (SP) – 30 min.
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Documentário que fala de uma tentativa de re-socialização de detentas no presídio de Votorantim (SP), através de um programa de rádio criado por pessoas interessadas no tratamento mais humano a seres que já têm sua vida bastante complicada por terem de viver atrás das grades – fato que por si só já deve ser algo tremendamente desgastante, aliado à já reconhecida qualidade de nossas prisões e do descaso de autoridades em solucionar problemas evidentes no braço executor do nosso sistema jurídico. Os diretores gastam um primeiro trecho do trabalho para dar vez às reclamações e conclamações por maior dignidade, proferidas por prisioneiras e algumas pessoas ligadas a elas, do lado de fora. Tal procedimento ameaça o trabalho: acaba sobressaindo a impressão de que veremos um filme de viés puramente piegas e sentimental.
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Quando as lentes passam a observar com mais atenção o verdadeiro motivo do trabalho – que é o da divulgação do regenerativo programa de Rádio – o documentário ganha potência e passa a fluir com mais vigor e menos “patinação”. Mesmo sob riscos assumidos de tocar extremos que poderiam sepultá-lo sob terra de apelos gratuitos e aproveitadores – quando se fixa demais em olhos lacrimosos (inclusive com evidente intenção de fazer destes momentos situações a ficarem impregnadas nas nossas retinas), ou quando tenta aproveitar a mais do que o necessário os sinceros momentos de comoção do ator Paulo Betti ante a situação chocante de mulheres presas, ou ainda, próximo do desfecho quando insiste em focar as mãos algemadas de uma das garotas que fazia o programa de rádio naquela situação -, o filme sabe como se abastecer das músicas executadas, criando, juntamente com espertas opções de tomadas e edição corretamente planejada, os verdadeiros momentos de fluidez narrativa que ficarão, estes sim, marcados. Mesmo correndo riscos desnecessários, Povo Marcado acaba superando-os ao se tornar, ao final, um bom exemplo de como se alcançar uma boa fluidez narrativa, via manipulação das técnicas apropriadas. E por ser forte como recado humanista."
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